À dona do meu blues

...À meia-noite, à meia luz, uma xícara de café quase vazia e um cinzeiro cheio de cinzas. No rádio, em uma estação qualquer, tocava um blues antigo que dizia: “...Fell down on my knees. Save me if you please...”. Deitado no chão, eu olhava para o teto e eis que vi seu rosto. Seu olhar, tão lindo, gritava: - Sou eu! Mas ao se fixar com meu intimidava-se e fugia. Seus cabelos tão escuros como aquela noite fria, curtos como a vida. E eu me perguntava: Quem é você? Por que você está na minha cabeça? Quem é a dona desse blues? Por que você não sai da minha cabeça?
Eu precisava dormir e acordar cedo na manhã seguinte, mas seu sorriso tão sincero não me deixava. Fechava os olhos, mas ela também estava ali, dentro de mim. Quem é a dona desse sorriso? Quem é você que eu não esqueço?!
Onde será que nossas vidas se encontram? Talvez não se encontrem, talvez ela não exista. Eu deveria acreditar em destino? – Não, melhor não. – Mas se ela existir, se nossas vidas se cruzarem, talvez algum dia eu leia isso tudo segurando sua mão. Talvez eu diga: É você! Por você que eu esperei uma vida inteira. É Você a dona do meu blues, a dona do meu coração! Ou talvez eu nunca diga.
Quando bateu o último segundo daquela hora já era sexta-feira, e a luz do sol que já entrava pela janela me acordou. Foi um sonho, e ela se foi sem me dizer seu nome. Ela se foi sem dizer: Adeus!...

Nostalgia

...E um dia ele volta àquela cidade, onde tudo começou, passa pelas ruas onde parte de sua vida ainda está lá. Suspira ao ver a casa onde passava os fins de tarde da sua infância. Ele sente a falta de quem já não pode voltar e de quem talvez já não sinta a sua. Saudades de todos aqueles momentos que só ficaram como lembranças. Saudade daquele banco onde se sentava e ficava balançando as pernas de tão pequeno que ele era, das árvores onde costumava subir em todas aquelas tardes. Saudade das noites de natais e fins de ano, que não são mais iguais e tão pouco especiais, as histórias que ele amava ouvir, e que agora não ouve mais, os abraços e sorrisos.  Desejava que aquele tempo jamais passasse, queria congelar aquela vida para não ter que se despedir de quem ama. O tempo não parou.

Ele corre, sorrir, finge felicidade para tentar esquecer a dor da saudade. O ano vai chegando ao fim, e toda aquela nostalgia mais uma vez o toma de conta... mas ele já esteve mais longe, talvez agora consiga achar o que tanto esquadrinhava, e enfim, viver...


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Purgatório para meus Demônios!

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